BACHARELADO(S) EM ESTRESSE

O mal dos tempos modernos, agora contra universitários

POR CESAR SANTOS

Dentro da sociedade contemporânea, o estresse tem ganhado espaço e fama como um “mal moderno”, resultado direto de uma acelerada evolução tecnológica e industrial que tem atingido as mais diversas pessoas. No entanto, “stress” – como o significado da palavra inglesa afirma – nada mais representa do que uma tensão, que tanto pode exercer influências positivas quanto negativas na vida de cada um, dependendo do controle obtido sobre ela, e que sempre fez parte da vida humana, até que foi praticamente conhecido seu “lado negro” com o advento da modernidade.

Essa tensão é uma condição necessária para nossas vidas, e tem o intuito de incentivar a reação e adaptação às mudanças constantes. De maneira positiva, dá “vitalidade”, uma vez que irá se refletir também na mudança de atitudes, hábitos alimentares e atividades físicas; de forma negativa, arrisca se tornar altamente prejudicial à saúde psicológica e física. Como tal, ela já está inserida em praticamente todos os meios, incluindo o acadêmico, podendo estar mais perto do que se imagina.

No Centro de Comunicação e Artes do Mackenzie, para os professores do curso de Jornalismo, Edilson Cazeloto e Denise Paiero, um dos principais fatores que contribuem para esse mal é a ansiedade com relação às avaliações permanentes. “Nos sentimos cobradas e sobrecarregadas com tantos estudos e trabalhos”, ratificam as alunas Carolina Bossori, 19, e Aline Santana, de 18 anos.

Irritabilidade, exaustão e falta de memória são apenas algumas das outras características mais comuns em universitários. A difícil conciliação entre trabalho e estudo, atividades extracurriculares, e o excesso de tarefas no cotidiano estudantil termina por causar um consumo muito grande de esforço físico e mental, que gera um desgaste, que muitas vezes sacrifica a vida social e o lazer, imprescindíveis ao próprio desenvolvimento do ser humano. O jovem, então, pode perder interesse súbito pelo curso e ter dificuldade de concentração, além de sintomas físicos como sonolência, dores pelo corpo e choro sem motivos aparentes. No agravamento destes casos, há chances de desenvolver um problema ainda mais alarmante: a depressão.

Embora este fenômeno não seja recente, levantamentos de dados sobre o assunto ainda são muito escassos e pouco aprofundados no Brasil, em comparação com a produção científica internacional existente. Ainda assim, já foi constatado amostras sobre este problema em pesquisas, um exemplo é a estatística levantada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) no qual revelou-se que 39% dos estudantes de instituições federais apresentaram crise emocional em algum momento do curso superior. Embora esta investigação tenha sido realizada com base em alunos de universidades federais, ela permite que se veja uma realidade igualmente presente no ensino particular e na vida de adolescentes que nem mesmo chegaram a essa fase.

Ainda que inerente ao processo de ensino-aprendizagem e passível de soluções pessoais, o “stress” é facilmente gerenciado por meio da contribuição da universidade por meio de um ambiente mais amistoso e familiar aos calouros; e uma rede de apoio e cursos de preparação aos formandos, resistindo às latentes preocupações quanto à produção acadêmica, usando-se de motivações. Aos dicentes, cabe organizar o tempo da forma mais adequada possível, visando um bom desempenho de suas tensões e minimizando suas conseqüências.

~ por aconteceonline em maio 7, 2008.

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